quarta-feira, 6 de julho de 2011

Parque Estadual Dois Irmãos (Recife-PE)

 foto do Açude da Prata com a casa que poderia ter pertencido a Branca Dias segundo a lenda

Vista aérea desta reserva de mata atlântica
O Rei Leão, coitado dispõe de um espaço tão pequeno pra ele, mas parece que já existe um projeto para corrigir estas e outras falhas.
Trilha na mata de Dois Irmãos


Durante o governo do general Dantas Barreto, em 1916, o Jardim Zoo-Botânico de Dois Irmãos foi inaugurado em plena Mata Atlântica, nas terras de Pedra Mole e do Riacho da Prata. Próximo à entrada do Horto.

Em 14 de janeiro de 1939 foi criado o Jardim Zoobotânico de Dois Irmãos. O  jardim Zoobotânico de Dois Irmãos passou a denominar-se Parque Dois Irmãos em 7 de julho de 1997. Em 1998 o Governo do Estado transformou a Reserva Ecológica de Dois Irmãos em Parque Estadual Dois Irmãos. 

 Atualmente está subordinado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Inaugurou-se, em 1973, o Museu de Ciências Naturais, que contém mais de 2.000 peças sobre os mamíferos, répteis, artrópodes, insetos, aves, conchas, minerais e fósseis.

À esquerda de quem entra no Jardim, passando o Museu de Ciências Naturais, é possível observar uma estátua imponente: o vendedor de pirulitos, feita em 1957 pelo escultor pernambucano Abelardo da Hora.

Além de várias espécies de mamíferos, aves e répteis, no Jardim Zoo-Botânico de Dois Irmãos encontram-se "pedalinhos" (para as pessoas se locomoverem pelo açude), charretes (puxadas a jumento) e um trenzinho, para levar crianças e adultos por todo o Horto, bem como restaurante e lanchonetes.

O horto é considerado como um dos maiores locais de Mata Atlântica de Pernambuco. Possuindo 387,4 hectares, sendo 14 hectares de área construída. O parque possui grande variedade de fauna, cerca de 850 animais entre aves, répteis e mamíferos distribuídos em mais de 120 espécies.

O zoológico ainda possui um centro de educação ambiental, um teatro, um museu de ciências naturais, uma biblioteca, e ainda estação de rádio e TV.


Vejo com muita tristeza o estado de abandono em que se encontra o parque que poderia ser bem melhor aproveitado como acontece em grandes capitais do pais e do mundo, aproveitando seu potencial turístico bem como, proporcionando aos cidadãos uma oportunidade de lazer e bem estar.

Mas uma luz começa a brilhar no fim do tunel, matéria publicada no Diário de Pernambuco divulga projeto de reforma do parque visando transformá-lo em bio-parque, aumentando, inclusive, o número de espécimes. O projeto tem o objetivo de atrair turistas por ocasião da copa do mundo que terá Recife como uma de suas sub-sedes.

 Segundo o projeto arquitetônico já concluído,  a maior parte dos animais ficará exposta em reproduções de seus habitats naturais, em semiliberdade. 
 
Os visitantes observarão os bichos por meio de mirantes suspensos ou no chão, do subsolo, sob escotilhas transparentes, e ainda poderão observar a fauna e flora de um teleférico, instalado numa estrutura elevada na reserva da Mata Atlântica do parque.

A atual gerente do parque, Silvana Silva afirma que este projeto leva em conta a necessidade de aproximar mais as pessoas da natureza e ao mesmo tempo preservar a mata e proteger os animais de um contato muito próximo e estressante com os visitantes.

Projeto e execução estão orçados em R$ 40 milhões. De acordo com o secretário executivo de meio ambiente, Helvio Polito, a estrutura representa um ponto estratégico tanto para o lazer, quanto para a educação da sociedade pernambucana.

Neste ano em que o parque completa 72 anos é com alegria que tomamos conhecimento de que finalmente ele vai ter o tratamento que merece e há muito tempo esta necessitando.

                    LENDA DO AÇUDE DA PRATA

No alto da página   coloquei a foto do Açude ou Lagoa da Prata onde, diz a lenda, Branca Dias jogou sua prataria quando foi presa pela inquisição. Achei interessante conhecer sua história e por fim, resolvi colocá-la aqui como um adendo à História do Parque de Dois Irmãos que fica situado em terras que segundo consta situa-se na área onde foi o primeiro engenho de cana de Pernambuco, de propriedade de Branca Dias e seu esposo Diogo Fernandes. Então, aí vai a história ou lenda:

Com uma existência entre história e lenda, considerada uma das heroínas do Brasil Colonial e de Pernambuco, Branca Dias foi, no Brasil do século XVI, a primeira mulher portuguesa a praticar «esnoga», a primeira «mestra laica de meninas» e uma das primeiras «senhoras de engenho».

Denunciada pela mãe e pela irmã e presa pela Inquisição nos Estaus, em Lisboa, Branca Dias embarca para o Brasil com sete filhos, juntando-se ao marido, Diogo Fernandes, vivendo ambos entre Camaragibe e Olinda, onde tiveram mais quatro filhos (também educou uma enteada).

Com a primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil, em finais do século XVI, filhos e netos de Branca Dias são presos sob a acusação de reconversão ao judaísmo e enviados para Lisboa, para onde terão seguido igualmente, presume-se, os ossos de Branca Dias, a fim de serem queimados no Rossio em auto-de-fé.

Sua história é cheia de nuances: da infância no Minho à velhice em Olinda, a sua prisão em Lisboa, a existência perturbada no engenho de açúcar, o levantamento da casa grande de Camaragibe e da casa urbana da rua dos Palhares (ainda hoje existentes), o convívio com Duarte Coelho, primeiro capitão donatário do Pernambuco, a morte de Pedro Álvares da Madeira, comido pelos tupinambás, o candomblé dos escravos pretos, os terrores de uma nova geografia e uma nova fauna, o martírio do povo miúdo português no Novo Mundo.

No Tribunal do Santo Ofício

No processo nº 5736 do Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, consta que Branca Dias, casada com o mercador Diogo Fernandes e filha de Antônio Afonso e Violante Dias, é cristã-nova, natural de Viana e moradora em Lisboa. Acusada de judaísmo, ela foi sentenciada, em 12 de setembro de 1543, a abjuração pública, dois anos de cárcere e hábito penitencial, ficando reservada a sua comutação e dispensa

Branca Dias apresentou uma petição ao Santo Ofício, em que pediu dispensa do tempo que lhe faltava cumprir, tendo sido a mesma concedida, talvez em razão de ter filhos pequenos para criar.

Sua mãe e a irmã Isabel Dias foram presas na mesma época. Elas eram naturais de Viana da Foz do Lima, onde moravam. No processo nº 5775, datado de 2 de abril de 1544, consta que Violante Dias foi ao auto-de-fé em Lisboa, e Isabel Dias foi sentenciada a abjuração pública, 2 anos de cárcere e hábito penitencial; reservada a comutação da penitência quando parecesse serviço de Nosso Senhor.

Após meio-século, a Inquisição voltou a processar a família de Branca Dias, depois que ela se mudou para o Brasil. No processo de nº 4580, do Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, sua filha Beatriz Fernandes, a Alcorcovada, natural de Viana de Caminha e residente em Pernambuco, foi acusada de judaísmo.

Presa em Olinda a 25 de agosto de 1595, ela foi sentenciada, em 31 de janeiro de 1599, a ir ao Auto de Fé, abjuração em forma, cárcere e hábito penitencial perpétuo, penitências espirituais, além do confisco de bens. Em 3 de agosto de 1603, Brites (ou Beatriz) de Sousa e sua mãe Andresa Jorge, outra filha de Branca Dias, nascidas e residentes em Pernambuco, também foram sentenciadas, nos processos nº 4273 e 6321, respectivamente, a ir ao Auto de Fé; abjuração de veemente; cárcere a arbítrio; penitências espirituais; pagamento de custas.

Nessa mesma data, Briolanja Fernandes, filha de Diogo Fernandes e Madalena Gonçalves, uma das criadas de seu pai, foi sentenciada em Auto de Fé realizado na Ribeira, em Lisboa, com as penas de ir ao Auto de Fé em corpo, com uma vela acesa na mão, onde abjure de veemente suspeita na Fé, tenha cárcere a arbítrio dos inquisidores, tenha penas e penitências espirituais, instrução na Fé e pague as custas. Ela foi solta dos cárceres a 6 de Setembro de 1603.
As datas de nascimento e morte da heroína ainda hoje permanecem um enigma, e há várias versões. Algumas fontes dão como 1734–1761, embora essa data não coincida muito com o ápice da Inquisição em Portugal e suas colônias.
 
“Os heréticos não são aqueles que vão para fogueira. Os heréticos são os que acendem a fogueira”. (Shakespeare)
 
A seguir, algumas fotos da casa que segundo a lenda pertenceu a Branca Dias e que fica próxima ao lago da prata da fotografia do alto. (Certamente esta não é a feição original da casa de Branca Dias, visto que este estilo arquitetônico é típico do século 19, e não do século 16, quando ela aqui viveu.)
 
Acredita-se que talvez a casa original nem tenha sido neste exato lugar. O que não desmerece a lenda e a beleza do lugar. De qualquer maneira esta casa que está totalmente abandonada e em franca decadência e destruição, pelo seu valor histórico deveria estar sendo preservada.
 






Casa Grande do Engenho Canaragibe, primeiro engenho de cana de açucar de pernambuco cujos primeiros proprietários foram Diogo Fernandes e Branca Dias. Tendo sido destruida por ataque de índios, foi reconstruida e depois sofreu várias reformas que certamente desfiguraram sua arquitetura original. Hoje em dia a casa é tombada pela FUNDARPE  hoje, propriedade da família Mac Dowell.
Foto da área onde era prduzido o açucar do engenho ou fábrica, também denominada Moita
 
Fontes: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Branca_Dias
http://ecocaminhada.blogspot.com/2011/02/eco-caminhada-antiga-casa-de-branca.html 
http://www.diariodepernambuco.com.br/nota.asp?materia=20110114145915

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