domingo, 30 de outubro de 2011

O Baobá, a árvore sagrada dos africanos

Achei linda esta foto de baobás (Fonte : www.plantasonya.com.br)

Foto do baobá que tem um bar em seu tronco  (Fonte : arqtodescadois.blogspot.com)

Hoje, em vez de focar flores, o Jardim de Agharta vai descrever uma árvore (Jardins também tem árvores não é ? Basta que tenha espaço suficiente.) A árvore, no caso é uma graaaaaaaaaaaande árvore, o baobá.

Estava em minhas andanças pela internet e, visitando o blog : Ecossistemas - Jardins e plantas, li um post sobre um baobá de milhares de anos (dizem que tem 2.000 anos), na África do Sul que possui um bar dentro do seu tronco. Fiquei muito admirada. Já tinha conhecimento da capacidade dos Baobás em crescerem e tornarem-se árvores de troncos muito volumosos mas não imaginava que chegassem a este ponto. Esta árvore-bar fica numa região chamada Janela do Paraíso por sua fantástica beleza natural.

Observem estas fotos do Baobar.


Foto do baobá que tem um bar em seu tronco  (Fonte : arqtodescadois.blogspot.com)


Interior do Baobar na África do Sul, muito visitado por turistas. (foto : www.dentia.pt/bares-dementes)

Vista externa, vendo-se o tronco do baobá e provavelmente um funcionário  com
alguma iguaria que vai ser servida no mesmo (foto : www.dementia.pt/bares-dementes)


Impressionada com o fato, decidi buscar informações da presença do baobá na cidade de Recife, onde morei a maior parte de minha vida e onde eu lembrava de ter visto alguns exemplares desta árvore. Uma pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, Semira Adler tem um trabalho exatamente sobre este tema: Baobá.

Mas, voltando ao meu interesse em saber sobre a existência dos baobás na cidade do Recife, Semira Adler, satisfez minha curiosidade. Em seu artigo ela  afirma que:

"Antes do descobrimento, o baobá não pertencia à flora brasileira.
A hipótese mais plausível, visando explicar a sua existência em Pernambuco, é a de que tenha sido trazido no século XVII, pelo conde Maurício de Nassau, durante a ocupação Holandesa, para fazer parte de seu jardim botanico privado (que foi construído próximo à atual Praça da República.). Uma segunda versão, porém, credita a presença do baobá às aves migratórias, que teriam trazido consigo as suas sementes. E Câmara Cascudo  considerou uma terceira possibilidade : a de que os sacerdotes africanos trouxeram as sementes da África e plantaram-nas em locais específicos, no país, para o culto de suas religiões. Vale lembrar que os praticantes do candomblé consideram o baobá uma árvore sagrada, e dizem que não se deve cortá-la ou arrancá-la.

Em 1749, o pesquisador francês, Michel Adanson, voltando da viagem para São-Louis, no Senegal, elaborou desenhos e descreveu o seguinte, em seus registros : 
Chamou-me à atenção uma árvore cujo tamanho era incrível. Era uma árvore que tinha frutos com formatos de abóboras, de nome "pão de macaco" no qual os Wolots diziam "goui" no idioma deles.
Provavelmente a árvore mais útil em toda a África... a árvore universal para os nativos.
A partir de então, os pesquisadores Bernard de Jussieu e Charles de Linné creditaram, para Michel Adanson, o nome científico do baobá, chamando-o Adansona digitata. E, na França, desde 1791, a Enciclopédia de Diderot e d'Alembert adotou essa denominação. Até o presente, já foram classificadas oito espécies de baobás, porém a maior parte deles, se encontra em Madagascar. Os baobás classificados foram os seguintes:

Adansonia digitata - (na África Central & no Sul da África)
Adansonia gramdodoero - (em Madagascar)
Adansonia gregorii (ou Adansonia gibbosa) (no Nordeste da Austrália)
Adansonia madagascariensis - (em Madagascar)
Adansonia perrieri - (em Madagascar)
Adansonia rubrostipa (ou Adansonia fony) - (em Madagascar)
Adansonia suarezensis - (em Madagascar) 
Adansonia za - (em Madagascar)

Datado de 1853, existe um outro registro, no continente africano, sobre a presença do baobá. Sobre a legendária árvore, observando-a na região de Mbour, o padre David Boilat escreveu :

[...] as árvores são surpreendentemente grandes e muito numerosas : Eu medi algumas e o cinturão era de 60 a 90 pés (20 a 30 metros). Não só é esta árvore útil para os nativos, também é essencial, eles não sobreviveriam sem ela. Com suas folhas secadas, eles fazem um pouco de pó que eles chamam de lalo o qual eles misturam o "kouskous". Eles usam as raízes como um purgante; eles bebem chá quente que curam doenças torácicas. A fruta chamada "o pão de macaco" é usada para coalhar leite e também é servida com a comida que eles chamam de "lack" ou "sangle" [...] Esta árvore às vezes é escavada para formar casas [...]


O padre declarou, ainda, ter conhecido um baobá, na África, cujo tronco era realmente enorme, atingindo vinte e seis metros de diâmetro. Nele, havia dois quartos, que eram usados por uma família como casa e loja. Cabe observar que, em Kimberleys, uma área da Austrália Ocidental, há registros de prisioneiros encarcerados dentro de troncos de baobás.

Todos os elementos dessa árvore são úteis para a sobrevivência do ser humano e representam, também, uma fonte preciosa de medicamentos. O pó originado de suas folhas secas, trituradas, tem sido usado para combater anemia, raquitismo, diarréia, reumatismo e asma. As folhas são utilizadas, ainda, como alimentos. Por serem ricas em cálcio, ferro, proteínas e lipídios, elas são trituradas e misturadas em sopas, ou adicionadas a cereais, para enriquecer a alimentação das crianças. Esse pó, inclusive, misturado com água, transforma-se em uma bebida parecida com o leite de coco. As raízes das mudas de baobás, quando são devidamente cozidas, tornam-se similares ao aspargo. As sementes, repletas de óleo vegetal, são assadas e consumidas. A polpa branca e as fibras de seus frutos contêm um alto teor de vitamina C e servem para combater a febre, a malária, o sarampo e a catapora, além de inflamações no tubo digestivo. Os aborígenes costumam comer as frutas dos baobás e usam suas folhas como plantas medicinais.

No que diz respeito à construção civil e à carpintaria, o baobá só é utilizado quando não há outro material disponível. Contudo, em certas regiões, as pessoas escavam o seu tronco e utilizam-no como cisterna comunitária. A madeira do baobá serve para fabricar instrumentos musicais e, o seu cerne, rende uma fibra tão forte, que é usada na fabricação de cordas e linhas. As conchas dos seus frutos são aproveitadas como tigelas.

Na capital de Pernambuco, os raros baobás que resistiram ao desmatamento e à depredação ambientais, foram tombados pela Prefeitura da Cidade e pelo Ibama, em 1986. No Recife, essas árvores podem ser apreciadas na Praça da República (em frente ao Palácio do Governo); na Praça da Sudene (no bairro de Santo Amaro); na rua Coronel Urbano Ribeiro Sena (no bairro do Fundão); na rua Madre Loiola (em Ponte d’Uchôa); e no Poço da Panela (nos terrenos limítrofes de duas casas que se situam, respectivamente, nas ruas Professor Edgar Altino e Bandeira de Melo).

Fora da Região Metropolitana do Recife, também são poucos os baobás que escaparam da destruição. Contados nos dedos, eles podem ser observados no Engenho Poço Comprido (em Vicência); na área do Complexo Portuário de Suape (no município do Cabo); na Usina Ariepibu (em Ribeirão); no Sítio Capivarinha (em Sanharó); na Fazenda Pitombeiras (em Serra Talhada); no município de Tacaratu; na praia de Porto de Galinhas e na Vila de Nossa Senhora do Ó (ambos no município de Ipojuca). Nessa Vila, existe um baobá com quinze metros de diâmetro e mais de trezentos e cinqüenta anos de existência."


Baobá na Praça da República em frente ao Palácio do Campo das Pricesas,
Bairo de Santo Antônio, sede do governo do estado de Pernambuco. (Fonte :
http://guiapernambuco.wordpress.com/
Árvore localizada atrás do restaurante Papa-capim; na av. Rui Babosa , no bairro das Graças.
Foto : www.luizberto.com/
Folhas e fruto (em crescimento) do baobá do bairro das Graças.
Fonte : www.luizberto.com/



Lindo este baobá na Ilha de Paquetá (foto de : irineamribeiro.blogspot.com)


Vamos conhecer mais um pouco sobre o baobá.

 Na wikipédia encontrei as seguintes informações: Os baobás, embondeiros, imbondeiros ou calabaceiras (Adansonia) são um gênero de árvore com oito espécies, nativas da ilha deMadagascar (o maior centro de diversidade, com seis espécies), do continente africano e da Austrália (com uma espécie em cada).
O baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal.

É uma árvore que chega a alcançar alturas de 5 a 25m (excepcionalmente 30m), e até 7m de diâmetro do tronco (excepcionalmente 11m). Destaca-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco, que pode alcançar até 120.000 litros.






Descrição


Os baobás desenvolvem-se em zonas sazonalmente áridas, e são árvores de folha caduca, caindo suas folhas durante a estação seca. Alguns têm a fama de terem vários milhares de anos, mas como a sua madeira não produz anéis de crescimento, isso é impossível de ser verificado: poucos botânicos dão crédito a essas reivindicações de idade extrema.
O nome Adansonia foi dado por Bernard de Jussieu em homenagem a Michel Adanson (1727-1806), botânico e explorador francês, quem primeiro descreveu o baobá no Senegal.

Espécies

                      Adansonia digitata - Baobá Africano (África Central e Austral);
                      Adansonia grandidieri - Baobá de Grandidier (Madagascar);
                     Adansonia gregorii (syn. A. gibbosa) - Boab ou Baobá Australiano (Noroeste da Austrália);
                     Adansonia madagascariensis - Baobá de Madagascar (Madagascar);
                     Adansonia perrieri - Baobá de Perrier (Madagascar);
                     Adansonia rubrostipa (syn. A. fony) - Fony Baobab (Madagascar);
                     Adansonia suarezensis - Baobá Suarez (Madagascar);
                     Adansonia za - Za Baobab (Madagascar)

A flor

A flor (Fonte : www.plantasonya.com.br)


O fruto


Fruto do baobá (fonte: thelifescience.wordpress.com)


Folhas e fruto (em crescimento) do baobá do bairro das Graças.
Fonte : www.luizberto.com/



Fruto do baobá (Mukua de Benguela)
Fonte : wikipédia

Mukua ou fruto do baobá, tem no seu interior um miolo seco comestível (não tem sumo), desfaz-se facilmente na boca e o seu sabor é agridoce (adocicado com uma ligeira acidez). Este fruto é rico em vitaminas e minerais.
Ao dissolver-se a mukua em água a ferver obtém-se o sumo de mukua que, depois de arrefecido, é tomado como uma bebida fresca com um sabor muito apreciado em determinados países.


Em Moçambique, o fruto, tem o nome de malambe na língua xi-nyungwe da província de Tete, tem uma polpa branca que seca no próprio fruto e que é utilizada para a alimentação, em tempos de escassez de comida; também é referida como cura para a malária
]
Bem, amigos leitores, satisfiz a minha curiosidade, espero que tenham gostado também.


Vídeo sobre os baobás em Recife







Fonte do texto citado : 


VAINSENCHER, Semira Adler. Baobá. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: 30/10/2011 

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